Recentemente tomei a resolução de começar a ver os grandes filmes clássicos que vergonhosamente me faltam.
Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb é uma das maiores obras do mestre Stanley Kubrick. Uma comédia negra genial sobre a Guerra Fria onde Kubrick demostra toda a sua singularidade, e onde Peter Sellers desempenha três papéis inesquecíveis, especialmente o do surreal Dr. Strangelove, o conselheiro científico do presidente Americano e antigo especialista em física do regime Nazi. Com a duração de apenas uma hora e meia, o filme tem uma fluidez e um ritmo incríveis, muito devido à qualidade e ironia dos diálogos.
Esta semana, em substituição das dicas, resolvemos fazer uma antevisão dos Oscars. Para as categorias principais aqui vão os nossos vencedores, baseados nos filmes que vimos.
André | Ângela |
Melhor Actor Secundário
Javier Bardem (No Country For Old Men) | Javier Bardem (No Country For Old Men) |
Melhor Actriz Secundária
Cate Blanchett (I'm Not There) | Cate Blanchett (I'm Not There) |
Melhor Actor Principal
Daniel Day-Lewis (There Will Be Blood) | Daniel Day-Lewis (There Will Be Blood) |
Melhor Actriz Principal
Marion Cotillard (La Môme) | Julie Christie (Away From Her) |
Melhor Realizador
Ethan e Joel Coen (No Country For Old Men) | Paul Thomas Anderson (There Will Be Blood) |
Melhor Filme
My Blueberry Nights (Wong Kar-Wai, 2007) conta-nos a história de Elizabeth (Norah Jones) que conhece Jeremy (Jude Law) num momento de fragilidade. Tornam-se amigos, e Elizabeth decide viajar pelos EUA na tentativa de perceber o que realmente precisa para ser feliz. Nunca deixando, no entanto, de escrever a Jeremy, contando todos os acontecimentos. Durante a viagem, conhece pessoas com problemas bastante mais complicados que os dela, e decide, finalmente, regressar.
A relação entre Elizabeth e Jeremy é sempre acompanhada com músicas da autoria de Cat Power (que também aparece no filme) ou mesmo de Norah Jones, tornando tudo bem mais envolvente. Ainda assim, esta relação podia ser bem mais explorada, e de forma mais apaixonada, sinto que existe um esforço bem maior da parte de Jude Law
Com um elenco bastante bom, de realçar a presença de Natalie Portman e Rachel Weisz, esperava mais deste filme que abriu o festival de Cannes de 2007.
Persepolis é a prova que não são precisos os melhores e mais recentes efeitos 3D ou o nível de detalhe mais incrível para se fazer um grande filme de animação. Pelo contrário, o tipo de animação mais arcaica usada no filme devolveu-me o fascínio e a nostalgia que já não sentia desde Les Triplettes de Belleville, curiosamente também uma produção francesa.
Não é que despreze as apostas dos últimos anos de estúdios como a Pixar ou a Dreamworks. Sou até grande fã de Monsters Inc. ou Ratatouille. Mas Persepolis é de outro campeonato.
A isto não é alheia a história, muito polémica, que retrata a vida num Irão mergulhado na ditadura fundamentalista Islâmica e em guerra com o Iraque nos anos 80, vista pelos olhos da pequena Marjane Satrapi.
Uma história real, baseada numa banda desenhada escrita pela própria Satrapi, que hoje vive e trabalha em Paris. Um excelente filme que é agora o meu favorito ao galardão da Academia.
Lars and the Real Girl foi a melhor comédia romântica que vi do ano passado. A história de Lars Lindstrom, um jovem com problemas psicológicos que inicia uma relação com Bianca, uma boneca comprada na Internet. A conselho da psicóloga, a sua família e a pequena comunidade católica onde vivem alinham naquela estranha situação e tratam Bianca como se fosse uma pessoa normal.
O filme tem como grandes trunfos o facto de não alinhar em pretensiosismos e a sua simplicidade que nos deixa desenvolver grande simpatia por Lars e toda a situação. E o final deixa-nos com um grande sorriso.
Ryan Gosling prova mais uma vez que é um dos melhores actores da sua geração e que tem sabido gerir a sua carreira com brilhantismo, mas quem me chamou à atenção foi Kelli Garner. A sua presença no ecrã é cativante. Espero ouvir falar mais dela em breve.
No invulgar papel de realizador, Sean Penn presenteia-nos com o magnífico Into The Wild. Baseado na história real de Christopher McCandless, um jovem americano de vinte e três anos, que após concluir os seus estudos universítários, decide doar o resto da sua bolsa de pós-graduação a uma instituição de solidariedade e sair de casa para uma aventura pelo país profundo e selvagem, sozinho, em busca da sua identidade. Objectivo final, o Alasca.
Nessa viagem, Christopher conhece diversas pessoas que o ajudam no seu processo de crescimento e maturação, e acaba por entrar na vida dessas pessoas também.
A história é contada de uma maneira muito simples, até desarmante, e permite-nos acompanhar todo o percurso de Christopher, assim como da sua família, desesperada por nunca ter notícias suas.
A fotografia é fabulosa, e a banda sonora de Eddie Vedder, que já tinha ouvido há meses atrás e não me tinha despertado muita atenção, cria uma simbiose perfeita com o filme. É até um crime não estar nomeada pela Academia, nem a banda sonora nem nenhuma canção original.
Grandes expectativas agora para a carreira de Penn na realização. Espero que siga o mesmo caminho da representação. E este foi um grande passo em frente.
De: Walter Salles
Com: Gael Garcia Bernal, Rodrigo De
Os norte-americanos The Mars Volta são hoje em dia uma das bandas mais criativas, inovadoras e de melhor qualidade do panorama musical. Caracterizam-se por um rock progressivo com diversas influências, que vão desde o post-hardcore à musica latina. É uma música tão densa e complexa que eu esperei cerca de duas semanas para escrever sobre o seu novo álbum, The Bedlam in Goliath, para conseguir absorver todas as suas características.
Com um início extremamente agressivo, The Bedlam In Goliath é uma obra épica de 75 minutos que vai suavizando à medida que vai avançando no tempo, mas mantendo sempre um ritmo que nunca nos deixa indiferente. A cada audição é possível encontrar novos sons, novos pormenores e novas sensações.
Depois de uma certa desilusão com Amputechture de 2006, este é um regresso em grande da banda de Los Angeles. Arrisco-me a dizer que este é o seu melhor álbum.
Esta semana decidimos fazer uma dica temática. Para todos os apaixonados que queiram passar um bom bocado na companhia da cara-metade no dia de S. Valentim, eis as nossas sugestões...
Air – Moon Safari (1998)
O LP de estreia da dupla electrónica francesa. Moon Safari é um álbum que mistura várias influências e que nos transporta para um ambiente extremamente sensual e relaxante.
Ideal para ouvir a dois, à luz das velas, e namorar ;)
Artistas semelhantes: Zero 7, Massive Attack, Portishead
Eternal Sunshine of the Spotless Mind – O Despertar da Mente (2004)
De: Michel Gondry
Com: Jim Carrey, Kate Winslet, Elijah Wood, Mark Ruffalo, Kirsten Dunst
Não sendo um típico filme romântico, é para mim um dos filmes mais fortes no que toca à temática do amor. Mostra-nos que um grande amor é impossível de ser apagado, não importa o que façamos para tal.
Jim Carrey num dos poucos papéis fora do registo cómico, e quanto a mim, no seu melhor, e Kate Winslet, sempre bem, formam um dos casais mais invulgares e característicos do cinema.
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